COMPLEXO DE PISCÍNAS

COMPLEXO DE PISCÍNAS

O complexo de piscinas abriga tanto piscinas a céu aberto, como piscinas cobertas e climatizadas. Por todo complexo há pessoas tomando sol ou descansando em esteiras, enquanto funcionários servem bebidas e toalhas, enquanto famílias se divertem com suas crianças pela piscina. Mais à frente, um bar man atrás de um quiosque serve bebidas, drinks e coquetéis ao som de música. É o ambiente perfeito para uma festa.

***

Caminho tropeçando em meus próprios pés, minha visão estava um tanto turva e não conseguia prestar atenção em nada, só tomava o máximo de cuidado para movimentar meus pés para eu não pisar em falso. Haveria uma festa na piscina e eu fora convidado - o que não mudaria muita coisa se eu não fosse - afinal já era de costume invadir festas de penetra para oferecer drogas.
A música estava alta e a cada batida meu cérebro pulsava e eu sentia todos meus órgãos pularem, meus pelos se arrepiavam por inteiro. Quando eu entro no recinto eu noto alguns olhares em minha direção, olhares de pessoas seminuas e algumas atraentes, não consigo deixar de sorrir. O rei da festa chegou.
Ponho um pedaço mínimo de papel alucinógeno em minha boca, era metade de uma droga que eu havia utilizado na noite anterior. Minhas costas começavam a doer, sempre que eu bebia demais elas doíam. Antes de vir eu havia tomado uma bebida afrodisíaca feita com os ramos, a casca da raiz e folhas de uma planta. Ótima bebida, por sinal.
Eu percebo que o clima estava ótimo para uma piscina. Brincadeira, eu estava drogado demais para pensar no clima, eu só queria dar um mergulho.
Não consigo falar nada, tenho receio de tentar falar e as palavras se perderem na minha cabeça como geralmente acontecia, apenas tiro toda a minha roupa.
Percebo uma mancha de vômito na minha camisa e lanço ela para um lado esperando nunca mais vê-la novamente, retiro minhas calças e minha cueca com estampa de corações, porém tomo um cuidado com a calça e deixo ela em um canto especial da festa, eu voltaria para pega-lá, lá estavam coisas que eu não gostaria de perder. Eu estava completamente nu e era ótimo. Olho para meus braços e vejo roxos na região de minhas veias, alguns pequenos buracos que antes haviam sido preenchido por agulhas e utilizados para injetar qualquer droga.
Dou um pulo e mergulho na piscina. Sinto cada átomo de água acariciando meu corpo.

PARTY ON, BABY

Estava deitado na cama vendo alguns snaps quando Jerry apareceu trajando roupas praianas na porta do meu quarto, convidando-me para uma festa que rolaria em um dos hotéis na beira-mar. Então, como festa é que nem comida, não se recusa, assenti e fechei a porta do meu quarto, tirando as roupas da cômoda e vestindo-as. Não era realmente nada demais. Apenas uma bermuda, uma camisa e um sneaker. Carregava no pescoço também um colar de couro, a minha câmera fotográfica e algumas pulseiras diversas. Sair sem esses acessórios era como sair sem uma perna. Olhei-me no espelho e ajeitei o cabelo rapidamente. Logo segui o loiro até o estacionamento e entrei em um dos vários carros que o jovem bilionário tinha.




Sai do carro de Jerry e entrei desacompanhado do rapaz. Não necessitava exatamente da presença dele naquele momento. Alguns dos meus companheiros de curso estavam ali. Calouros e veteranos. Sorri e caminhei até o bar onde serviam algumas bebidas. Peguei uma deliciosa mistura de vodka com energético e sentei-me em uma poltrona bem próxima da piscina, onde alguns estudantes jogavam água um no outro. Liguei a câmera rapidamente e cliquei no disparador, obtendo uma fotografia daquele momento.

As luzes já começavam a se embaralhar pela frente. Consigo localizar uma garota mais afastada da multidão, ela ajeitava seu biquíni e estava com seu celular, ela era realmente muito bonita. Na verdade, quando eu estava drogado todas pareciam muito bonitas, pior ainda, todas pareciam exatamente iguais. Eu as via com as feições que minha mãe tinha, toda garota, com o mesmo olhar de cigana oblíqua e dissimulada.
Vou em sua direção. Saio da piscina me erguendo por suas bordas, sinto meu pênis balançar enquanto água pingava pelo meu corpo. Quando me aproximo reúno minhas forças e toda minha concentração que se perdia pelo efeito alucinógeno que estava acontecendo em meu corpo - Ei... - Não faço a mínima ideia se eu havia demorado para completar esta frase, na minha cabeça estavam acontecendo muitas coisas, eu via o rosto da garota vibrar em cores brilhantes, como se sua pele fosse feita de metais preciosos - Você é universitária? - Perguntei para a garota com rapidez, ela obviamente era, mas eu só precisava falar alguma coisa para não parecer um sequelado.

FUCK HARD

DO IT LIKE RUSSIAN BLONDIES

but never forget AMBER boobs

A mudança para a melhor cidade europeia não fora tão brusca quanto Cora pensou que seria. Não precisou nem de uma semana para se encaixar no grupo de líderes de torcida da universidade e criar um laço estável com as meninas que participavam dele. O semestre não demorou a passar e a russa podia garantir que não era apenas o clima de Autumn Valley que superava sua cidade e país de origem: os garotos, as garotas, o dinheiro que estes não temiam gastar e até mesmo a forma com que o governo era visto. Não por acaso garantia sua presença em todas as boas festas que aconteciam na cidade, e era o que faria naquele dia. Após ver o instagram de Tayla, a realeza dos nerds, decidiu que não deixaria uma festa acontecer sem a presença das duas melhores coisas da Rússia: o corpo de Cora e a vodka importada que ela já havia separado. Trajando apenas sua roupa de banho e um shorts para lá de curto, a loira deixou sua cobertura e foi até a moradia dos Harris, exatamente no horário ditado por Amber. Conhecera a capitã do time antes de conhecer o resto da universidade; não havia jeito melhor de mostrar que carregava em si uma presença tão necessária do que se juntar à uma queen. “Estou aguardando, vadia. Temos uma festa para agitar.” Ainda dentro do táxi que usara para chegar aos Harris, Cora segurava o celular em uma mão e a vodka em outra.

Quando a outra loira chegou, deram continuidade à viagem até o Looken Hotel. O local estava obviamente cheio e alguns já se encontravam em estados deplorável. Avistou a garota do instagram ao canto e decidiu que a chamaria para conversar depois, aquela cara de santa devia ser só uma máscara e a vodka com certeza revelaria isso. Acompanhou Amber até uma espreguiçadeira depois de dar uma bela encarada no gêmeo da garota, porque encarar não mata, e rolou os olhos quando a colega decidiu que já era hora de iluminar a festa com seus seios. Rindo, a acompanhou e ficou somente com os shorts. “Quem é a anfitriã dessa suruba mesmo?” O sotaque ainda era notável, mas Cora não se importava. Procurou com os olhos alguém que ao menos parecesse digna que abrir a porra do hotel para a festa, mas foi interrompida por um flash. Deu de ombros, não se importando, e colocou os óculos escuros, relaxando enquanto a garota ao lado se distraia no celular. “Preciso treinar, hoje.” Sorriu de lado enquanto Amber a encarava, tomando alguns goles da bebida alcoólica que tinha antes de oferecê-la e continuar a falar. “Treinar minha língua.”

PARTY ON, BABY

Estava tomando alguns goles da minha bebida quando percebi que quase todos os olhares foram direcionados para o rapaz pelado que acabara de sair da piscina, rumando até uma das queens da universidade, Tayla. Sorri e virei a câmera na horizontal, tirando foto do corpo todo do moreno para o meu arquivo pessoal…. Digo, portfólio. Guardei a câmera ao meu lado e cruzei as pernas, analisando as pessoas ao meu redor. A garota que fazia um topless com certeza era uma das queens ou das líderes de torcida. O rapaz pelado provavelmente vinha de uma família de classe média e cursava teatro, julgando a quão confortável ele parecia expondo o corpo daquela forma. Não que eu estivesse reclamando, já que o que é bonito é para se mostrar.

Outra pessoa que eu havia reparado era um rapaz alto, cabeços castanhos e barba por fazer. Além de bonito, o rapaz carregava consigo uma câmera fotográfica e caminhava na minha direção. Olhei-o fixamente nos olhos durante todo o percurso até ele se sentar ao meu lado, agraciando-me com seu belo sotaque australiano ‫― Oficina de fotografia! ― afirmei erguendo a minha câmera ― Você também, certo? Tenho quase certeza que já te vi por lá ― perguntei encarando momentaneamente a câmera, mas logo voltando ao seu rosto.

Quando a garota ri eu começo a gargalhar em conjunto  pois vejo seus dentes brancos iluminados virem em minha direção e logo voltarem para seu devido lugar, várias lanternas apontadas para mim. Também há uma coisa que você aprende quando passa a maior parte do tempo não estando sóbrio: quando alguém ri perto de você, você tem de rir também, significa que algo é engraçado. As pessoas chamam isso de educação. E rir também é bom para demonstrar que você ainda está vivo e não enlouqueceu de vez e saiu do mundo por causa dos alucinógenos.
Quando tento entender o que a menina fala sinto que uma bomba nuclear é jogada no meu colo, sinto os flagelos de algodão atingirem meu corpo e balançarem meus átomos. Olho diretamente para baixo e vejo a toalha cair ao chão. O chão afunda. Infelizmente eu não teria coordenação alguma para segura-lá contra mim.
Então noto que eu já não estava mais no mesmo lugar, olho para os lados e vejo a água da piscina ficando mais sólida e a música se tornando um som mais perturbador e agudo. Quando tudo vai voltando ao normal vejo que a garota em minha frente olha para mim esperando uma resposta, enquanto sua sobrancelha se movimenta ao som da melodia. Tento formular uma frase - Eu sou... - Olho para o lado e me perco novamente, eu me esforçava muito para responder rápido, mas meus neurônios me impediam. Assim que vejo uma garrafa jogada perto da borda da piscina consigo terminar minha frase - Catuaba - Merda. As palavras saem da minha boca como se eu não tivesse controle sobre elas. Eu realmente não tinha.

OFF: Ausente 23:47

PARTY ON, BABY

A música ao redor estava tão alta que sentia os meus ossos reverberarem o som na mesma batida. As pessoas ao meu redor pareciam ir a loucura. Todos dançavam, batiam papo na roda de amigos e refrescavam-se na piscina. Mas lá estava eu, apenas um espectador, esperando capturar com a câmera a felicidade que todo mundo exalava. Geralmente esse não era o meu papel em festas. Entretanto a falta de amizades naquele lugar ainda me forçava a isso. Esperava não continuar sentado mediocremente naquele sofá enquanto todo mundo se divertia.

― É quase como nosso jaleco ― ele sorri, amaldiçoando-se internamente por soltar aquela infame trocadilho ― Joshua, me chamo Joshua ― apresentei-me, estendendo a mão direita para o rapaz ao meu lado.

PARTY ON, BABY

Senti o coração parar por um momento quando vi o garoto deixar sua câmera para trás enquanto adentrava a multidão. Ou ela era muito louco ou muito inocente. Dei de ombro e deixei minha câmera ao lado da dele. Aquele não era um dia para se pensar, apenas beber, ficar nu na frente de todo mundo e no final transar no quarto de alguém. Esquecendo minha bebida para trás, segui o rapaz, que não era tão difícil de achar considerando a sua altura. O rapaz parecia perdido, sem saber o que fazer primeiro ― Você prefere dançar com aquele povo ali? ― perguntei apontando para vários conglomerados de grupos de universitários dançando lado a lado ― Ou beber alguma coisa naquele bar?